sábado, 23 de agosto de 2008

Calor humano + Teoria dos seis graus de separação

Durante minha curta temporada nos Esados Unidos, percebi que as relações humanas no cotidiano são bem diferentes por aqui - ou lá, whatever...
Primeiro porque quase tudo que você precisar pode ser resolvido recorrendo-se à uma máquina. Comprar bilhetes de metrô, pagar a passagem de ônibus, comprar jornal, água e refrigerante - o dinheiro trocado é obrigatório, o que às vezes causa problemas porque as másquinas dão troco limitado, isso quando dão.
Além disso, os taxistas, recepcionistas e vendedores não são tão atenciosos - entenda-se chegados num papo - como os daqui; somente as palavras necessárias são trocadas.
Embora às vezes eu perca a paciência com as pessoas que puxam papo em filas, adoro conversar com os velhinhos no ônibus (não no horário mais lotado, é claro).
No fundo eu senti falta disso lá, criar conversas era um esforço constante. Ainda bem que com os demais alunos da escola era mais fácil. Não sei se por serem todos novos, ou todos estudantes ou todos os estrangeiros, mas eles eram bem mais fáceis que os americanos!
Sabe aquela Teoria dos Seis Graus de Separação que voltou a ser plausível a pouco tempo?

Por lá seria difícil encontrar o conhecido em comum...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Como pegar ônibus* em 11 lições

* Com algumas adaptações, alguns itens podem ser aplicados aos passageiros do trem e do metrô.
  1. Enquanto gasta no mínimo cinco minutos no ponto do ônibus, agilize a sua vida e as das pessoas que embarcam depois de você: separe seu cartão e/ou dinheiro trocado. O ônibus não precisa ficar parado quando as pessoas não conseguem embarcar porque a donzela não acha a carteira dentro da bolsa;
  2. As mães devem controlar, domar, adestrar os seus rebentos antes de pensar em pegar ônibus com os birrentos. Ninguém precisa ouvir os berros de uma criança remelenta (não os bebês, esses choram mesmo e não tem jeito) logo as 7h00 da manhã;
  3. Queridos estudantes: a mochila pode ficar no chão durante o trajeto. Além de ocupar o espaço de uma pessoa, elas comprometem a circulação e acertam a cabeça de quem está sentado;
  4. Velhinhos simpáticos: marquem suas consultas médicas a partir das dez da manhã. Dessa forma vocês não sofrem no ônibus lotado e as grávidas não precisam ficar de pé porque todos os assentos preferenciais já foram ocupados;
  5. Tiazinhas que já passaram dos quarenta: após essa vida de pobreza vocês já devem ter aprendido a andar de ônibus. Larguem mão de ser folgadas e parem de empurrar os outros que vão descer no mesmo ponto que você;
  6. Donzelas de salto alto e já desesperadas para sentar precisam entender uma regrinha básica da física: dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Se você quer sentar, espere eu me levantar, não adianta jogar a bolsa e a busanfa na minha cara que eu não vou descer do ônibus mais rápido por isso;
  7. Madrugadores de plantão e sonolentos em geral: dormir não é um problema (eu também tiro meus cochilos - e até sonho), mas não despenquem suas cabeças no ombro de seu companheiro de ônibus. Dormir no ombro de alguém só se for pai, mãe ou namorado;
  8. Aspirantes a dançarinas de pole dance: não adianta se agarrar no cano em frente à porta. Além de impedir que os outros desembarquem, isso não fará com que vocês cheguem mais rápido aos seus destinos;
  9. Barraqueiras (os) de plantão: ninguém merece acompanhar briga e ouvir desavenças logo de manhã. Traga de casa a sua educação, todos estão na mesma situação dentro do ônibus lotado;
  10. Se você não quer passar pelo aperto do corredor para descer, não dê uma de esperto pra cima do cobrador tentando passar dois pontos antes do seu só para descer pela frente. Os caras passam o dia iteiro no ônibus e conhecem todos os artifícios dos passageiros, como falar que não tem troco só pra não pagar a passagem - eles sabem quando é verdade;
  11. Por último, mas não menos importante: se você precisar avisar ao cobrador ou ao motorista que você vai descer naquele ponto, mas não conseguiu chegar na porta ainda, não grite Vai descer! com voz de gralha.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Esporte como Profissão


Me deixa muito irritada ver a reação da população em relação ao desempenho brasileiro nas olímpiadas.

É uma vergonha estar atrás de países menores e menos ricos, mas que investem na prática de esporte?

China, Cuba e Rússia tem um histórico de bons desempenhos, reflexo das políticas socialistas que sempre investiram pesado na formação de atletas.

Estados Unidos são conhecidos por oferecer bolsas de estudo em faculdades para atletas e a infra-estrutura (estádios, ginásios e centros de treinamento) são de fazer o queixo cair.

Já no Brasil, as pessoas acham bonitas aquelas histórias de pessoas humildes que treinaram a vida inteira em condições precárias e que conseguem chegar a uma competição internacional.

Isso não é motivo de orgulho. Isso sim é uma vergonha.

Durante o tempo que treinei judô, tive a sorte de estar perto de um competidor internacional e um dos mais respeitados judocas do Brasil, o sensei Uchida. Se bem que o judô é muito mais do que as pessoas costumam ver (lutas), e no caso, ele competia no Ju No Kata (a minha prática favorita). Mesmo com patrocínio, ele e seu parceiro não tinham dinheiro suficiente para viajar para o torneio mundial. Para contornar a situação organizávamos festivais de sushi e yaksoba para arrecadar dinheiro.

É por isso que me decepciono quando escuto alguém falar mal da delegação brasileira nas olímpiadas de Pequim. O mau desempenho é apenas um reflexo dos nossos investimentos no esporte.

Não que a gente precise de heróis, mas esses atletas deveriam ser celebrados como tais apenas pelo fato de chegarem lá.

PS: É claro que em algumas categorias o brasil, rivaliza sim, à altura de outros países.

Update - 23.08.2008: nos últimos dias o Brasil conquistou importantes medalhas, agora que estamos em uma melhor colocação no quadro de medalhas talvez as pessoas tenham atenuado as críticas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O poder do jornalista

Hoje no ônibus duas senhorinhas liam juntas um desses jornais gratuitos.

Alguma notícia as deixou supresas e elas começaram a tecer comentários. Pelo que pude ouvir, provavelmente mais um crime sangrento aconteceu na cidade.

Eu olhei e pensei comigo: mas essas coisas acontecem todos os dias! Pra que tanto espanto se está sempre nos jornais?!?

Mas a reação delas não era só a essa notícia. Tudos que elas liam provocava uma reação de surpresa nelas, mesmo as coisas mais simples e corriqueiras da rotina de uma grande cidade.

E então eu compreendi qual é o poder (ou dever?) de um jornalista.

Aquelas senhoras estavam sendo apresentadas a uma realidade que não fazia parte do mundo delas, e não consigo parar de pensar que com isso o universo delas se expandiu.

É isso que eu gosto na minha (futura...atual?) profissão. Eu sempre gostei de mostrar, contar ou levar as pessoas para algo diferente que elas não conheciam. Pode ser através de palavras escritas ou faladas, de imagens impressas ou com vida; e nem precisa ser algo pitoresco, basta ser novo para aquela pessoa.

Sempre escuto que sou a rainha do conhecimento inútil, mas também sempre que conto alguma dessas "anedotas" alguém comenta: só a Sarah pra saber uma história dessas.

Eu deveria me preocupar com isso e procurar passar uma imagem mais séria e culta, mas de um jeito estranho isso me deixa feliz.

E é isso que eu gosto de fazer. Se uma coisa me deixa curiosa, eu quero entender o que é, como é e porquê é; e depois quem sabe contar o que eu vi para mais alguém.

imagem retirada do blog: tatuape.files.wordpress.com

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Quem me conhece levanta a mão!

imagem encontrada repetidas vezes no google, não consegui localizar onde foi publicada originalmente

Que eu ando bastante de ônibus já é um fato conhecido. Eu já conhecia bastate gente que pegava a mesma linha que eu (a uns dois anos chegamos a fazer amigo secreto no ônibus perto do natal). Mas agora que estou pegando outra linha de ônibus, achei que não iria mais encontrar tantos conhecidos. Qual não foi a minha surpresa ontem ao perceber que conhecia mais gente na linha nova do que conhecia na anterior. Primeiro encontrei uma colega de faculdade; depois escuto uma menina falando de mim e era a minha vizinha, e ainda encontrei uma colega do outro ônibus que resolveu mudar de itinerário. De repente eu estava fazendo um monte de apresentações e tentando lidar com três conversas paralelas. Eu já estava quase virando pra trás e perguntando "quem mais me conhece aqui levanta a mão", mas se eu fizesse isso teria uma visão parecida com a da foto!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Again and again...

Não tem jeito! Entra mês e sai mês e eu me vejo indagando:
Pra que serve essa b**** de menstruação mesmo?!?!
Ah, sim! A questão reprodutiva... não posso ativar essa função do meu corpo na hora que eu decidir ter filhos?

Espinhas...
TPM...
Falta de apetite...
Inchaço...
Dor de cabeça...
Cólica...
Sede insaciável...
Enjôo...
Corpo dolorido...

Tudo isso pra quê???

E ainda por cima temos mais chances de desenvolver um câncer do que tinham as nossas avós! Tudo porque o nosso estilo de vida nos proporcionou um número maior de ciclos menstruais ao longo da vida e blá, blá, blá...

Cansei!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Quando aprendemos a fazer compras...

Após um mês sem se ver e com muita conversa para por em dia, nos escontramos no Reserva (ou mais conhecido como quintal da faculdade) para conversar.
- Eu não aguento mais trabalhar com aquela chatice!
- O meu chefe é um idiota!
- Eu preciso pedir as contas!
Após constatar que a sintonia não foi abalada, lembramos que nenhuma de nós pode ficar sem o salário.
- Quando foi que nos tornamos tão mercenárias?
- Quando aprendemos a fazer compras!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Uma coreana às avessas

Acho que todos com quem tenho comentado sobre a viagem não aguentam mais me ouvir falar da sul-coreana que fiquei amiga em Nova Iorque. Ela não se parece com a maioria das garotas sul-coreanas e não tem vergonha de se divertir.

Na nossa última noite lá, chamamos ela para sair, mas ela já estava entrando no banho para ir dormir. Quando voltamos do Crocodile (o barzinho das pizzas que a Li escreveu no blog dela) encontrei uma cartinha dela embaixo da porta. Entre várias coisas engraçadas ela escreveu: "Dabbong" (Tá bom) e "Gibbong" (Que bom), que ela aprendeu com a gente e sempre repetia.

Só achei essa carta de novo nas minhas coisas quando cheguei ao Brasil. Lá estava o email dela. Corri para mandar um mensagem para ela com a foto que eu publiquei aqui no blog. Hoje ela me respondeu e mandou as fotos que tiramos no MOMA.

Saudades da Ar Rang Choi...